Fraude no INSS: 473,9 mil aposentados e pensionistas não reconheceram descontos
Os presidentes do INSS, Gilberto Waller Jr., e da Dataprev, Rodrigo Assunção, esclareceram os procedimentos de restituição durante coletiva nesta quarta-feira (14) e garantiram que os prejudicados serão ressarcidos
Por da Redação
14/05/2025 19h16 - Atualizado em 14/05/2025 19h20
Reprodução/Canal Gov Gilberto Waller Jr. disse que 41 entidades foram contestadas, isto é, não reconhecidas pelos beneficiários que tiveram os valores descontados
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) informou que até as 16h desta quarta-feira (14) recebeu 480.660 acessos de aposentados e pensionistas que identificaram descontos em seus benefícios. Desse total, 473.940 pessoas afirmaram “não reconhecer o vínculo com a organização associativa” e solicitaram o reembolso — representando 98,6% dos casos. Outros 6.720 beneficiários notaram o desconto, mas não finalizaram o pedido para restituição dos valores. Este foi o primeiro dia em que os beneficiários do INSS puderam informar oficialmente o órgão sobre a possibilidade de terem sido vítimas do esquema de fraudes descoberto pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União, no mês passado.
As informações foram apresentadas em uma coletiva de imprensa com a participação do presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, e do presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção. De acordo com Waller, 41 entidades foram contestadas, isto é, não reconhecidas pelos beneficiários que tiveram os valores descontados. Esse número equivale à totalidade das associações registradas.
Os presidentes do Instituto, Gilberto Waller Jr., e da Dataprev, Rodrigo Assunção, em coletiva (Reprodução/Canal Gov)
O INSS enviou um ofício às instituições, exigindo que comprovem o vínculo com os beneficiários no prazo de 15 dias úteis. Caso não consigam justificar os descontos, as entidades associativas serão obrigadas a devolver os valores cobrados de forma indevida. “Esse pagamento não vai para a conta do segurado, vai para o Tesouro e o INSS vai ressarcir em folha. Não informe nada a ninguém, não assine nada, não dê qualquer tipo de informação. O pagamento não vai para a conta do segurado, vai para o INSS. O INSS vai pagar o segurado por meio do benefício”, reforçou Waller.
Ele também destacou que o INSS está acompanhando os canais de atendimento e analisando a necessidade de ampliar as formas de contato com os cidadãos. “Lembrando que esse pedido não tem prazo para terminar, não precisa ter uma correria, ele não tem prazo para findar. Uma das coisas que o INSS se compromete com todos: nenhuma comunidade vai ser alojada, retirada desse procedimento”, garantiu.
Acessos à plataforma “Meu INSS”
Somente nesta quarta-feira (14) a seção de descontos associativos da plataforma “Meu INSS”, acessada tanto pelo aplicativo quanto pelo site, foi consultada 1,6 milhão de vezes. Por outro lado, 738 mil beneficiários entraram na área específica para verificar os descontos, mas não encontraram nenhuma cobrança em seus benefícios.
A investigação revelou que algumas associações voltadas a aposentados estavam registrando beneficiários sem autorização, utilizando assinaturas falsas, com o objetivo de descontar mensalidades diretamente dos pagamentos feitos pelo INSS. A estimativa da Polícia Federal é de que o esquema tenha desviado cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
